Grupo do próprio governo tenta desgastar secretária de Saúde em Ilhéus

Ledívia Espinheira
Secom

Exclusivo. Considerada uma das técnicas em saúde pública mais eficientes do quadro estadual, a médica Ledívia Espinheira, secretária de Saúde de Ilhéus, cedida para a função pelo secretário da Bahia, Jorge Solla, já não é mais unanimidade na equipe do governo do prefeito Jabes Ribeiro, há apenas 45 dias no cargo.

E o pior: uma fonte palaciana garantiu hoje ao Jornal Bahia Online que já está identificada uma campanha que visa, sobretudo, desgastar a titular da pasta, orquestrada por setores que há muitos anos comandavam a secretaria até a escolha-surpresa feita pelo próprio prefeito Jabes Ribeiro.

De tão bem feita, a campanha envolveria, inclusive, setores da imprensa, com o objetivo de forçar a saída da médica. Ela, inclusive, já teria pensado em "pedir o boné", mas foi convencida por pessoas próximas a não entregar os pontos.

"Desde a posse, eles iniciaram a contagem regressiva, acompanhando todos os passos da secretária. Eles sabiam que um ou dois meses depois, ainda sem ter condições de ´domar´ todos os setores da complexa secretaria, a doutora Ledívia estaria em xeque", afirma a fonte, explicando a estratégia usada pelos "adversários".

Uma outra fonte bastante influente da Secretaria de Saúde, garante que, para piorar, Ledívia Espinheira terminou penalizada por uma prática conduzida pelo ex-secretário Ronaldo Lavigne. É que a equipe do governo anterior "esqueceu" de informar a prestação de contas dos recursos carimbados, durante os meses de outubro, novembro e dezembro, determinando, automaticamente, a suspensão dos repasses até que a situação seja regularizada. "Ela ficou sem dinheiro para trabalhar, foi pega de surpresa", afirma a fonte.

O grupo que trabalha pela saída da secretária, já tece críticas em reuniões mais fechadas quando é analisado o seu desempenho frente à pasta. Os postos estão parados, medicamentos prestes a vencer continuam estocados por falta de um funcionário para efetuar a entrega a população. Ninguém até o momento sabe qual é o índice de infestação de dengue na cidade. Postos quase prontos estão sem funcionar por conta de "pequenos detalhes".

A secretária defende-se como pode. Lembra que, com o decreto assinado pelo prefeito Jabes Ribeiro, demitindo todos os contratados no serviço público, a sua pasta foi a mais prejudicada. Em resumo: não há equipe, não há serviço, nem dinheiro e não há a compreensão do próprio governo. Pelo menos de parte dele.

O Jornal Bahia Online apurou que o grupo que faz oposição a Ledívia Espinheira chegou a conversar com a ex-secretária Marleide Figueiredo para saber se ela, em caso de mudança, toparia assumir o cargo. A enfermeira teria dito que não aceitava a empreitada. "Mas não está longe dela a escolha. Eles já falam que uma pessoa muito ligada a Marleide teria aceito o desafio", garante a fonte.

Esta mesma fonte se disse assustada ao comportamento que presenciou no Palácio Paranaguá, logo após a publicação, em vários sites e blogs, de uma matéria elaborada pela assessoria do vereador Lukas Paiva, que visitou alguns postos de saúde do município e escreveu sobre o "caos na saúde". Lukas faz parte do pequeno bloco de oposição na Câmara e garante que ingressará no Ministério Público para saber o porquê de a secretaria não estar funcionando a contento.

"Eles riam, comentavam em voz alta que a matéria prejudicava o governo, mas desgastava, sobretudo, ela. O que me assustou é que vi tudo isso no Palácio Paranaguá, sede do governo. Lá não é sede da oposição", ironizou a fonte ouvida pelo JBO. Por enquanto o prefeito Jabes Ribeiro não se pronunciou a respeito da crise. O fato é que, eles podem até negar, mas a crise existe sim!